terça-feira, 2 de outubro de 2007

Predileção para o Decadente

Eu to aprendendo não só pela teoria mas também pela observação, que as necessidades são infinitas porém os recursos são escassos, e que existe sempre algo que cria e cria mais necessidades cada vez mais complexas...e que precisamos selecionar o que deve ser atendido ou não.
Parece-me que somente essas coisas, cuja existência está limitada à escassez, começam a ser consideradas bens de fato...aqueles pela qual brigamos e pela qual o mundo inteiro parece viver em função.Lutar em função.Matar em função.
Ninguém está entendendo nada do que quero dizer, normal.Isso é só o início.Porque no final você vai me achar ou radical demais, revoltadinha, ou vai estranhamente concordar comigo.Ou outra opção que eu não pensei ainda.Inclua se quiser...pra isso existe os comentários ou o MSN.

Enfim.

Mudando de foco...é óbvio que tudo que esta fadado à extinção recebe mais valor.Tudo que será ou é limitado...único e singular.
Posso observar isso desde a coisa mais óbvia como o cuidado com os animais em perigo de extinção, às obras ou pedras raras...
As coisas em abundância não têm tanto valor....ainda!Pois o ar que respiramos é essencial apesar de abundante...é um bem cujo valor poucas pessoas conseguem estabelecer...a não ser que ele esteja prestes a acabar.

Prestes a acabar. [observem que cito isso muitas vezes nos meus textos]

Porque as coisas prestes a acabar possuem mais valor?
É tão óbvio, mas quero questionar isso mesmo assim...e essa questão para você ainda parece muito bizarra e desnecessária.Mas ela chegará no ponto de seu interesse, talvez.

Já observou que as pessoas parecem de certa forma gostar de sofrer?
De serem pisadas e mal tratadas?Mesmo que de uma forma sutil e implícita?
Parece que só dão valor quando estão em desnível ou superioridade em relação às outras.Ou a outra pessoa em especial...
Que quando você trata uma pessoa bem demais ela pára de dar valor a isso.


Já observou que nunca falamos tudo que queríamos para alguém...mesmo que fosse uma coisa boa, um elogio, uma declaração de afeto...que nunca nos abrimos completamente.Por medo!Um desses medos diz respeito a uma reação comum das pessoas : elas passam a se achar superior a você por causa disso, ou achar que estão com o controle nas mãos. E não queremos ser explicitamente dominados, por isso, é melhor calar.Isso é o que já esperamos de qualquer pessoa que entra na nossa vida.Mesmo sem ter plena consciência disso.Sempre existe aquele medo de dizer o que realmente pensa ou sente...por vários motivos e acredito que um deles é esse.


No final das contas isso é puro e medíocre orgulho.Que infelizmente precisamos forjar...já que o mundo inteiro joga dessa maneira. Joga! Sim...para mim isso parece um jogo ridículo...tipo um teatro na qual todo mundo tem a noção que é uma farsa mas ninguém tem coragem de chutar as máscaras, talvez com elas tudo fique mais bonitinho...mas pouca gente se lembra do preço que pagamos pela beleza, jogamos fora a sinceridade...e a naturalidade.
Já pensou no quanto esse comportamento é absurdo?
O quanto de orgulho que temos?
Um orgulho repugnante! Que é capaz de julgar inferior uma pessoa que simplesmente se dedica a você num grau elevado, e para você isso é o suficiente para se achar melhor do que ela...portanto, ela já não vale mais.

Aprendi que quando a oferta é demasiada o preço cai.
Quando a demanda é demasiada o preço aumenta.
Isso é basicamente o que regula o capitalismo.
E digo que não tenho ideologias.Tenho críticas à todas.Odeio ideologias.

Você já notou que somos essencialmente capitalistas?
Inclusive nas relações pessoais?

Aprendi que quando um celular está obsoleto ou pifando a gente joga ele fora e compra outro.
Observei que fazemos as mesmas coisas com as pessoas.

Bem-vindos à geração pessoas-celular!
Sorria!Você ,otário , está sendo filmado.

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É tão paradoxal porque não parece tão errado assim, parece comum, parte da vida, conseqüência do mecanismo...
Mas ao mesmo tempo parece tão absurdo.

Eu fico confusa na hora de procurar algum valor pra ponderar essa questão.
Um juíz, um advogado e um promotor para decidir o que é justo ou não, certo e errado.
Não, nesse campo não há justiça, nem valor que pondere, ou um valor universal...existe?Eu já não sei.Tá até difícil encontrar um valor em mim.Porque isso tudo realmente parece comum.

Observo esse comportamento tanto nos outros quanto em mim! EM MIM!
Sim, eu já fiz isso de várias maneiras...eu vejo, aceito e repudio esse comportamento.
Mas também não sei como ser diferente...

Bem...na verdade sei.Sei sim...

Não é revolta, nem indiretas...escrevo isso porque sempre tive vontade de falar sobre o assunto mas não sabia como.Mas hoje, véspera da prova de economia, descobri como entrar no assunto.

Eu sou como você.
Fizeram isso comigo.Já fui celular trocado.Já troquei de celular.
Já desvalorizei as coisas abundantes.

Essa questão é bem relativa.Possui várias faces.Vários ângulos...você pode estabelecer mil contra-argumentos...um bilhão de pensamentos alternativos.
Mas ESSE aspecto você não pode negar.

Ele existe nessa porcaria de maravilhosa humanidade.
Nas belas e horrorosas pessoas tapadas e orgulhosas.
Tão lindas nos seus sonhos e ilusões.
Sem se darem conta da fraqueza e da beleza que possuem.
São tão manipuladas por tudo e por nada.
Pouco donas de sí mesmas tomam as rédeas de uma vida que nem existe, e um orgulho falso que torna suas vidas um cárcere teatral.Que trágico e que cômico!
O orgulho afasta.
Ele também dói tanto quando é ferido...
Mas ele é um escudo tão falso e frágil...existem tantas coisas melhores para nos proteger do que esse orgulho torpe.

Mas então...continuem indo aos shoppings e supram suas necessidades infinitas enquanto os recursos acabam...os preços aumentam, o que causa um aumento nos juros para controlar essa inflação idiota.Daí então outro país resolve enfiar dinheiro no seu cu pra ganhar com os juros...logo, a oferta dessa moeda cresce, o preço cai.O dinheiro do seu país valoriza...seu país compra mais, vende menos = balança comercial desfavorável...e vocÊ?

Você veste seu vestido, coloca sua máscara, troca de celular, de pessoa...ri, chora, diz que ama, diz que não ama, culpa alguém por isso, culpa a sí mesma...e joga sua vida pra frente.Esquece que tudo não passa de um jogo retardado criado por sei-la-quem, que ninguém precisava jogar.Anda pela rua como se nada tivesse acontecido.
Eu, você, fulano.

Vamos quebrar as bolsas de valores.
E trazer novos valores para aquele campo tão sem lei.


Quem sabe assim possamos andar mais seguros pela rua durante a noite.

E caminharmos mais lúcidos entre a multidão durante o dia.



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3 comentários:

Fernando disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernando disse...

e por mais que o mundo possa ser superficial, por mais que tudo mostre q não damos valor, ou que tudo está errado, ou até que gostamos de sofrer...existe o amor não existe? Pode parecer cliche, demodê, ou sei la, mas existe. Existe o amor, a fé e os que acreditam. Que erram, mas aprendem. Vc pode ser uma dessas pessoas q um dia não deu valor, mas pow, vc é humana!
Isso é td mto relativo, mas eu acredito q falta amor e fé, e todo o resto é consequencia...as pessoas se fecham para se proteger, e se sentem mal por viver (ou não viver) presos na própria proteção. o amor pode parecer desculpa, mas pode ser solução tb...bom, fe_shigueo@hotmail.com

ps. eu sou um amante capitalista. Não divido minha amada, nem fodendo! morte ao socilismo amoroso! meu bem não é o bem de todos...

Ives Montefusco disse...

Interessante a tua abordagem sobre as coisas. O problema é que ainda ninguém amou de verdade. O amor é incondicional e enxerga a todos. E não, nunca estará prestes a acabar. Nunca começou eu creio. Talvez tenhamos a incerteza dos ventos mais suaves por que não passamos por uma tempestade.