'' Eu me calava.
- Tu compreendes. é longe demais. Eu não posso carregar este corpo. é Muito pesado.
Eu me calava.
- Mas será como uma velha casca abandonada. Uma casca de árvore não é triste...
Eu me calava.''
Percebi que existem lugares distantes onde moram meus sonhos e desejos cujo meu corpo exausto e cansado nunca poderá alcançar...
Me disseram que possuo o grande estigma de ter sonhos demasiado grandes...como montanhas que se erguem além do horizonte...montanhas que passo a vida a escalar.
Caio, me esfolo...e quando chego ao cume dou-me conta que dali estende-se outra, ainda maior...disseram-me que meus desejos são perenes.
Nunca alcançarei...
Não deste jeito.
Não com este corpo precário.
Demasiadamente pesado para lugares tão leves como meus sonhos.
Demasiado sujo.
Casca.
Então passo a ver um pouco além dele.
Alguns chamam de fuga.
Mas eu já não tenho noção de realidade...
Tudo pra mim é uma mistura homogênea... uma serpente branca que morde a cauda de uma serpente negra que por sua vez faz o mesmo. Formando um ciclo.O meu querido AURIN.
Sei que para chegar a certos lugares terei que abandonar pesos.
Fazer escolhas difíceis.
Estranhas.
Mas já não consigo encontrar minhas respostas aqui.
As coisas aqui são tão precárias, como meu corpo, e não me suprem.
Então caminho num labirinto de pedras em busca do meu verdadeiro eu...leve o suficiente para que eu possa ir a qualquer lugar.Encontrá-lo requer um grande sacrifício...
Eu queria entender tudo que acontece...mas é ilegível demais...por isso penso em voar e ver de longe.
Mas voar me faz ficar longe demais...isolada.
É paradoxal.
Eu não consigo mais me integrar.
Fazer parte dessa peça grande...eu acabei ficando fora de contexto.
Cai aqui por acaso.
Agora procuro algo que me ajude a voltar.
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