terça-feira, 30 de outubro de 2007

A Festa de Vidro

Tudo que eu for escrever agora vai soar pessimista.
E óbvio.Eu queria ser direta...mas não escrevo para mim.
Escrevo para você.


Eu nasci com um excesso de coragem que parece ter esvaziado a do mundo!
E eu conquistei minha liberdade!
Mas estou sozinha no ar!

Para que serve tudo isso?

Eu estendo minha mão...pesso que você segure e não tenha medo.
A estrada sobre o abismo é invisivel mesmo!
É sempre assim.

Uma estrada para te fazer valer a pena, para você e para mim.
Você que nunca aceitou certos desafios...tem agora um dos melhores.
E nem esta sozinho!

Tenha medo! Pois é necessário ter medo para ter coragem...
A coragem não quer dizer a falta de medo, mas a capacidade
de supera-lo.

Feche os olhos sobre o infinito.
Segure minha mão...
que eu te mostro o caminho.

Aqui no paraíso está um tédio.
Preciso de um pouco do toque do inferno.



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domingo, 21 de outubro de 2007

As Pedras

Aos poucos o mundo foi me transformando em pedra.
E eu comecei a ver tudo assim, esfriando. Tinha medo de ficar paralisada...ou cair na água e afundar rapidamente.

Depois achei que as outras pessoas eram que se transformavam em pedras com o passar dos anos...então eu me achava num vale de pedras.

Mas agora descubro que as pedras falam... e me senti protegida num certo vale de pedras.
E parei para observa-las....sentir sua respiração...seu coração bater....e a voz delas.
Na verdade a unica voz que escuto é a do vento passando em suas deformidades.
Então comecei amar as pedras.



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domingo, 14 de outubro de 2007

El Labirinto




'' Eu me calava.
- Tu compreendes. é longe demais. Eu não posso carregar este corpo. é Muito pesado.
Eu me calava.
- Mas será como uma velha casca abandonada. Uma casca de árvore não é triste...
Eu me calava.''

Percebi que existem lugares distantes onde moram meus sonhos e desejos cujo meu corpo exausto e cansado nunca poderá alcançar...

Me disseram que possuo o grande estigma de ter sonhos demasiado grandes...como montanhas que se erguem além do horizonte...montanhas que passo a vida a escalar.

Caio, me esfolo...e quando chego ao cume dou-me conta que dali estende-se outra, ainda maior...disseram-me que meus desejos são perenes.

Nunca alcançarei...

Não deste jeito.

Não com este corpo precário.

Demasiadamente pesado para lugares tão leves como meus sonhos.

Demasiado sujo.

Casca.

Então passo a ver um pouco além dele.

Alguns chamam de fuga.

Mas eu já não tenho noção de realidade...

Tudo pra mim é uma mistura homogênea... uma serpente branca que morde a cauda de uma serpente negra que por sua vez faz o mesmo. Formando um ciclo.O meu querido AURIN.

Sei que para chegar a certos lugares terei que abandonar pesos.

Fazer escolhas difíceis.

Estranhas.

Mas já não consigo encontrar minhas respostas aqui.

As coisas aqui são tão precárias, como meu corpo, e não me suprem.

Então caminho num labirinto de pedras em busca do meu verdadeiro eu...leve o suficiente para que eu possa ir a qualquer lugar.Encontrá-lo requer um grande sacrifício...

Eu queria entender tudo que acontece...mas é ilegível demais...por isso penso em voar e ver de longe.

Mas voar me faz ficar longe demais...isolada.

É paradoxal.

Eu não consigo mais me integrar.

Fazer parte dessa peça grande...eu acabei ficando fora de contexto.

Cai aqui por acaso.

Agora procuro algo que me ajude a voltar.



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sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Pesadelos




São pesadelos, aves e morcegos aterrorizados voando em sua mente....você quer colocar ordem...mas não sabe por onde começar.

São momentos de crise.Desespero mesmo.
E as pessoas odeiam gente desesperada.
É feio e vergonhoso.

Por que?

Porque cada um tem que sair da lama por sí só.
Como no meu texto '' O Fundo do Poço''.

Eis que surge mais um buraco.
Eu mesma.

Um labirinto como o mito de Ícaro.
Preciso criar asas...
Não vejo saídas possíveis.


Mas no final das contas é isso que me torna mais íntegra : a morte constante.



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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Wake Up!

Preciso pensar...............

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Descrição

Gosto de ter o controle do meu caminho.
Mas principalmente o controle sobre eu mesma.
Vigio-me sempre que posso.
Luto contra certos sentimentos, emoções, vontades, desejos....vícios. É tão árduo e cansativo as vezes...parece uma carga pesada demais...mas sei que é o meu jeito de viver.

Bloqueio certos pensamentos e lembranças...até estarem frias o suficiente para que eu as manipule, tire a parte boa, jogue a parte ruim fora. Mas estou sempre me queimando nessas lembranças e pensamentos...são urubus e hienas a espreita do meu menor deslize.
É cansativo...andar sempre no fio da navalha.
Manter a linha, o equilíbrio...me corto sempre nesse caminho estreito.

E ainda tem as coisas externas. O caos.
As pessoas que são tão...paradoxais. Imprevisiveis e previsiveis.
Tem a poluição de todos os gêneros.
As necessidades fúteis.
As exigências do mundo.
Ter que fechar os olhas para tanta podridão.
Mas eu nunca fecho...

Tento ser ética.
Tento não magoar ninguém.
Sei pedir desculpas...ser me redimir.
Odeio ser ignorada...e não ignoro ninguém.
as vezes dizem que sumo...mas to sempre aqui e nunca ignoro uma mensagem.

Sou arrogante...de um jeito estranho, mas sou...e luto contra isso.
Tenho meus vícios.
Sou rígida...perfeccionista, principalmente comigo mesma.

Sou sentimental, sensível, sensitiva.
Adoro demonstrações de afeto...mas sou orgulhosa o suficiente para ter uma postura de pessoa fria.Mas não sou.
Sei ser quando quero...mas eu realmente não gosto de fazer as coisas que não gosto que façam comigo.Portanto, não quero mais ser fria...nem parecer indiferente, porque odeio isso.
Mas cometos meus deslizes, só que estou pronta para acertar tudo que puder.

Sei me colocar no lugar dos outros.

Sei perdoar, mas também guardo mágoas infinitas.
Coisas que seriam desfeitas com atos bem simples.

Sou uma pessoa ativa.
Odeio a inação.
Odeio quando sou obrigada a não fazer nada...

Sei atropelar meu orgulho.

Isso tudo é uma batalha eterna, é simplesmente a minha vida.
Fico muito cansada às vezes...e me sinto perdida, desnorteada...
Sem um lugar para encostar a cabeça.

Graças a poucos amigos não me sinto a pessoa mais peculiar do mundo...mais sozinha e singular.
Parece que consegui atrair pessoas como eu. Dai a gente forma uma família.
É meu tesouro precioso.
Mesmo assim...parece sempre que falta algo.

Bom...isso tudo é um pouquinho do que sou que eu resolvi descrever.

E você, como é?
Sabe quem você é?

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domingo, 7 de outubro de 2007

Tese + Antítese = Síntese

Lembremos de Heráclito, filósofo pré-socrático que diz : Tudo Flui! [ ''phanta hei'' ]
E que não podemos entrar no mesmo rio duas vezes...pois as águas serão outras e você também já não será o mesmo.
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Lembremos de Sartre e Husserl na fenomenalogia e existencialismo...com a idéia de que somos apenas algo que sempre esta para ser...''vir-a-ser''.Como um sopro em direção ao que você será...logo, você nunca é, e sim : sempre estará para ser.
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Assim como Hegel afirmou... ''O pensamento nada mais é do que um infinito vir-a-ser dialético''.


Tá...chega de filosofia e teoria...
Onde está a aplicação prática da dialética, do devir , do vir-a-ser...Mas principalmente da DIALÉTICA.
Dialética pra mim é a libertação.
Mas antes digo mais, jogo mais teorias...agora mais distantes do ocidente.
Quem já ouviu falar da eterna roda do samsara budista?
Penso que vivemos em meio um rio turvo arrastados pela força mecânica da natureza...
Penso que somente peixes mortos se deixam levar meramente.
A libertação é paradoxal, quebrar esses paradigmas de ser e não ser....e vir-a-ser.
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Meu fim de semana foi pura sensação e extremos.
Cheguei aos meus auges.

Fui para cobertura do meu prédio.
Olhei a noite....nadei na água gelada de roupa. Deitei-me no chão sob as correntes de vento e deixei que a noite me secasse.Vi estrelas...conversei com nuvens.
Lembrei de mágoas...desvinculei-me delas.
Lembrei-me dos prazeres...deixei que o vento os levasse.

Comi doces, muitos doces.
Fumei cigarro. [ e eu não fumo ]
Vomitei as tripas.

Tomei banho quente, escovei os dentes, a guela. Lavei os cabelos.

Observei cada instante de prazer.
E achei prazer em coisas diferentes como ficar molhada no frio.Por horas.

Deliciosa solidão e mente vazia.
Vinslumbrei minha vida caótica, sem ordem, sem controle...os extremos, as decadências.
As necessidades descabidas, desejos aos montes...lamúrias enjoativas.

Lembrei-me da dor, do prazer.
Tudo fugaz...mas essenciais para dar movimento.Eis um lado da dialética não?
Os opostos, os contrastes, os choques gerando algo...que algo é esse?
Tudo que dará uma nova tese, que por sua vez terá por natureza uma antítese...e que formará aquela sintese...eternidade. E ainda tem gente que duvida do infinito.

Sabe qual a diferença entre os meus prazeres, as minhas dores e as da maioria das pessoas?
Eu sinto-as com toda intensidade, com toda consciência e atenção.
Sinto o efeito.A causa.O resultado....a origem.

E descubro que a libertação consiste em desligar efeitos das causas.
Em quebrar a mecanicidade.
Em chutar a terceira lei de Newton.

A libertação consiste no que mais quero.
Não ser mais condicionada por causas.
Não reagir como o esperado.

Quebrar o Círculo Perfeito.
Mas antes...é necessário entender, sentir...viver o círculo perfeito.

Por isso gosto desses filósofos...das teorias, das culturas que me levam a entender o círculo viciante.

É viciante viver.Ser, não ser...cair, levantar.Entrar na água, sair...se molhar, fazer sexo, comer...respirar, chorar, sorrir...dormir, sonhar, acordar...mas quem nesse vício Acorda?

Eu diria que meu vício consiste em fazer isso não só por fazer.
Para mim a vida não é uma finalidade em sí mesma.




Eu existo para um dia não existir mais.



Eis meu vir-a-ser: DESAPARECER.


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terça-feira, 2 de outubro de 2007

Predileção para o Decadente

Eu to aprendendo não só pela teoria mas também pela observação, que as necessidades são infinitas porém os recursos são escassos, e que existe sempre algo que cria e cria mais necessidades cada vez mais complexas...e que precisamos selecionar o que deve ser atendido ou não.
Parece-me que somente essas coisas, cuja existência está limitada à escassez, começam a ser consideradas bens de fato...aqueles pela qual brigamos e pela qual o mundo inteiro parece viver em função.Lutar em função.Matar em função.
Ninguém está entendendo nada do que quero dizer, normal.Isso é só o início.Porque no final você vai me achar ou radical demais, revoltadinha, ou vai estranhamente concordar comigo.Ou outra opção que eu não pensei ainda.Inclua se quiser...pra isso existe os comentários ou o MSN.

Enfim.

Mudando de foco...é óbvio que tudo que esta fadado à extinção recebe mais valor.Tudo que será ou é limitado...único e singular.
Posso observar isso desde a coisa mais óbvia como o cuidado com os animais em perigo de extinção, às obras ou pedras raras...
As coisas em abundância não têm tanto valor....ainda!Pois o ar que respiramos é essencial apesar de abundante...é um bem cujo valor poucas pessoas conseguem estabelecer...a não ser que ele esteja prestes a acabar.

Prestes a acabar. [observem que cito isso muitas vezes nos meus textos]

Porque as coisas prestes a acabar possuem mais valor?
É tão óbvio, mas quero questionar isso mesmo assim...e essa questão para você ainda parece muito bizarra e desnecessária.Mas ela chegará no ponto de seu interesse, talvez.

Já observou que as pessoas parecem de certa forma gostar de sofrer?
De serem pisadas e mal tratadas?Mesmo que de uma forma sutil e implícita?
Parece que só dão valor quando estão em desnível ou superioridade em relação às outras.Ou a outra pessoa em especial...
Que quando você trata uma pessoa bem demais ela pára de dar valor a isso.


Já observou que nunca falamos tudo que queríamos para alguém...mesmo que fosse uma coisa boa, um elogio, uma declaração de afeto...que nunca nos abrimos completamente.Por medo!Um desses medos diz respeito a uma reação comum das pessoas : elas passam a se achar superior a você por causa disso, ou achar que estão com o controle nas mãos. E não queremos ser explicitamente dominados, por isso, é melhor calar.Isso é o que já esperamos de qualquer pessoa que entra na nossa vida.Mesmo sem ter plena consciência disso.Sempre existe aquele medo de dizer o que realmente pensa ou sente...por vários motivos e acredito que um deles é esse.


No final das contas isso é puro e medíocre orgulho.Que infelizmente precisamos forjar...já que o mundo inteiro joga dessa maneira. Joga! Sim...para mim isso parece um jogo ridículo...tipo um teatro na qual todo mundo tem a noção que é uma farsa mas ninguém tem coragem de chutar as máscaras, talvez com elas tudo fique mais bonitinho...mas pouca gente se lembra do preço que pagamos pela beleza, jogamos fora a sinceridade...e a naturalidade.
Já pensou no quanto esse comportamento é absurdo?
O quanto de orgulho que temos?
Um orgulho repugnante! Que é capaz de julgar inferior uma pessoa que simplesmente se dedica a você num grau elevado, e para você isso é o suficiente para se achar melhor do que ela...portanto, ela já não vale mais.

Aprendi que quando a oferta é demasiada o preço cai.
Quando a demanda é demasiada o preço aumenta.
Isso é basicamente o que regula o capitalismo.
E digo que não tenho ideologias.Tenho críticas à todas.Odeio ideologias.

Você já notou que somos essencialmente capitalistas?
Inclusive nas relações pessoais?

Aprendi que quando um celular está obsoleto ou pifando a gente joga ele fora e compra outro.
Observei que fazemos as mesmas coisas com as pessoas.

Bem-vindos à geração pessoas-celular!
Sorria!Você ,otário , está sendo filmado.

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É tão paradoxal porque não parece tão errado assim, parece comum, parte da vida, conseqüência do mecanismo...
Mas ao mesmo tempo parece tão absurdo.

Eu fico confusa na hora de procurar algum valor pra ponderar essa questão.
Um juíz, um advogado e um promotor para decidir o que é justo ou não, certo e errado.
Não, nesse campo não há justiça, nem valor que pondere, ou um valor universal...existe?Eu já não sei.Tá até difícil encontrar um valor em mim.Porque isso tudo realmente parece comum.

Observo esse comportamento tanto nos outros quanto em mim! EM MIM!
Sim, eu já fiz isso de várias maneiras...eu vejo, aceito e repudio esse comportamento.
Mas também não sei como ser diferente...

Bem...na verdade sei.Sei sim...

Não é revolta, nem indiretas...escrevo isso porque sempre tive vontade de falar sobre o assunto mas não sabia como.Mas hoje, véspera da prova de economia, descobri como entrar no assunto.

Eu sou como você.
Fizeram isso comigo.Já fui celular trocado.Já troquei de celular.
Já desvalorizei as coisas abundantes.

Essa questão é bem relativa.Possui várias faces.Vários ângulos...você pode estabelecer mil contra-argumentos...um bilhão de pensamentos alternativos.
Mas ESSE aspecto você não pode negar.

Ele existe nessa porcaria de maravilhosa humanidade.
Nas belas e horrorosas pessoas tapadas e orgulhosas.
Tão lindas nos seus sonhos e ilusões.
Sem se darem conta da fraqueza e da beleza que possuem.
São tão manipuladas por tudo e por nada.
Pouco donas de sí mesmas tomam as rédeas de uma vida que nem existe, e um orgulho falso que torna suas vidas um cárcere teatral.Que trágico e que cômico!
O orgulho afasta.
Ele também dói tanto quando é ferido...
Mas ele é um escudo tão falso e frágil...existem tantas coisas melhores para nos proteger do que esse orgulho torpe.

Mas então...continuem indo aos shoppings e supram suas necessidades infinitas enquanto os recursos acabam...os preços aumentam, o que causa um aumento nos juros para controlar essa inflação idiota.Daí então outro país resolve enfiar dinheiro no seu cu pra ganhar com os juros...logo, a oferta dessa moeda cresce, o preço cai.O dinheiro do seu país valoriza...seu país compra mais, vende menos = balança comercial desfavorável...e vocÊ?

Você veste seu vestido, coloca sua máscara, troca de celular, de pessoa...ri, chora, diz que ama, diz que não ama, culpa alguém por isso, culpa a sí mesma...e joga sua vida pra frente.Esquece que tudo não passa de um jogo retardado criado por sei-la-quem, que ninguém precisava jogar.Anda pela rua como se nada tivesse acontecido.
Eu, você, fulano.

Vamos quebrar as bolsas de valores.
E trazer novos valores para aquele campo tão sem lei.


Quem sabe assim possamos andar mais seguros pela rua durante a noite.

E caminharmos mais lúcidos entre a multidão durante o dia.



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