domingo, 29 de junho de 2008

Não ouse falar



Não ouse falar.
Nem brinque de sentir.
Desligue o fio que te liga a qualquer coisa.
Nem respire, por favor.
Acalme-se...
Deixe que te abatam.
Ajoelhe-se e mostre o pescoço.Deixe que cortem.
Deixe que pintem seu rosto.
E digam a roupa que deve vestir.

Faça.

A cara de indiferença.

Acostume-se com a inação.

Não se mova, por favor...
Não procure, não ande...não olhe.
Acima de tudo! Não veja...por favor...não veja mais.

Não escute...

Fale pouco.
Se for necessário arranque seus olhos.

Te ensinei que as palavras são demasiadamente desnecessárias.
É assim que ouço tudo, coloco pedras nos bolsos do meu vestido listrado e entro levemente pelas ondas do mar...

E acordo em outro quarto.
Cada dia em um quarto diferente.


Sei prever as coisas pelos sonhos.
Basta saber que dizem o contrário...
E sei que pessoas são sonhos.

Por isso quero acordar.
Dessa vez não em um quarto...
E sim no lugar que entro.
Naquele mesmo mar.

O Sol não me busca mais.
A lua já morreu...vejo seu cadáver iluminado todas as noites.
É só o que consigo ver.
Pois as coisas divinas cegam meus olhos.

Parece que nenhuma verdade mais me abala.
Conquistei a inação.

Só falta destruir a vida.

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Lembre-se, vão repudiar tua verdade.





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PS: Tive um péssimo sonho hoje...

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