sexta-feira, 27 de junho de 2008

A Máquina




Todos seres humanos são uma grande máquina com engrenagens e uma lógica ilógica que se fora de eixo destrói tudo e a si mesma.

Vou te falar sobre uma máquina bem estranha já criada, modelo único, que precisou de um manual de instruções...para compensar sua exentricidade implicita.

Ela possui um sistema de auto-proteção tão forte que bloqueia tudo, todo seu fluxo natural e belo...surgem grades em seus olhos e seu coração automaticamente começa entrar em ritmo de silêncio. A máquina diz '' Não me diga o que não posso fazer'', ela acha que realmente pode mudar o mundo, iluminar as pessoas e curar chagas com suas lágrimas de riso.

Mas não há quem cure as chagas dela...eu diria grandes, talvez se ela resolvesse mostrar seu coração a alguém seria uma cena de horror e homicídio, tantas cicatrizes e facas enfiadas e machucados que ela carrega de cabeça erguida e sem medo de se ferir novamente.
Talvez se ela abrisse as costelas e mostrasse o que ela carrega as outras mpaquinas teriam vergonha de suas cicatrizes.

Mas ela sempre proucura e proucura...
Procura alguém que com ela não tenha medo de se arriscar, de se machucar...de viver algo sublime...ela não é como qualquer outra máquina.
Ela está cansada de pessoas com medo demais...está cansada de ensinar as pessoas a voarem , todo mundo tem medo de altura...ninguém quer se arriscar e se soltar e viver sem limites e sem medo.

Ela vive num mundo de traumas...todos com seus traumas. E ela com os seus.
Ela se pergunta: porque eu simplismente não deixo meus traumas conduzirem minhas ações e as outras máquinas deixam os traumas determinarem seus atos?

Não adianta, ninguém ouve, ninguém permite...você vai ver, se observar...quantas vezes ela tentou desbloquear traumas, dar um pouco de alívio , sorrisos em caixas de presente...asas e liberdade.Quantos discursos ela fez para ouvidos bloqueados. Um dois, três, quatro...
Muitos.
Então ela se lembra que não adianta falar.
Então ela para de falar.

Então ela lembra que tem vontades e sonhos, e que fizeram-na prometer não mata-los novamente pelas outras máquinas cegas e apegadas a passados e a traumas, a limites...
Ela então resolve voar para seu lugar isolado...para onde ela sempre acaba voltando quando sente a intransigência do resto das máquinas...quando se sente repudiada, quando alguém coloca limite nas suas possibilidades...
Quando ela se abate porque só encontra pessoas com placas no pescoço escrito '' não passe daqui''.
Ela olha pra baixo, vira as costas e vai embora.
Ela já conheceu o motivo de todos...mas ela diz , vocês têm noção dos meus motivos?
Mas o mundo é demasiadamente egocêntrico para que alguém olhe para o lado sequer.
Ninguém olha para possibilidades em potencial e simplesmente tira as correntes e realmente deixa algo fluir.
Na verdade ninguém deixa nada fluir.

A Máquina então, quando é surpreendida nessa situação se arma como um guerreiro, pronto para ouvir aquelas mesmas palavras. Se arma contra a guerra de palavras que não têm nada a ver com a vontade e sim com convenções e traumas.A vontade geralmente é sufocada em nome do passado( a vontade não deveria ser o mais importante? )...todas as pessoas que vi são assim.Não vêm um futuro, ou se quer tentam TENTAR algo diferente. Elas se estagnam no medo achando que é um lugar agradável e seguro...entram numa bolha e só deixam que pequenas coisas entrem e pequenas coisas saiam,
se isolam em ilhas vazias cujo rei é ele mesmo de um exército feito de medo e apreensão.
Pre-ocupação.
Bobagem.

Eu sai da minha ilha, da minha bolha, na merda que vivi...todos os traumas que tenho eu os deixo de lado para tentar qualquer coisa...minha vida boa, eu sempre arrisco uma melhor.
Eu sempre procuro algo melhor e melhor.
Mas estou no mundo errado com as pessoas erradas, ninguém quer arriscar ou voar...ninguém quer se curar, ninguém quer viver algo novo.Todos querem uma vida segura, querem lamentar seus traumas em silêncio durante a noite quando alguém está alí na porta oferecendo o calor do dia e a magnitude dos céus...a leveza das coisas livres.
Oras...o céu está absolutamente vazio!

Uma máquina com asas...quem diria.
Que fala uma lingua que ninguém ouve.
Que quer libertar quem adora viver preso.

Eu não, olho para o abismo, e sorrio diante do fundo do poço...me jogo e digo '' não importa, eu sei voar''.

E vocês?
Se recolhem catando os pedacinhos dos seus traumas e mentindo para si mesmos dizendo que a vida é boa do jeito que ela está.Enchendo seus caminhos de placas de ''pare''.E as oportunidades de uma possível vida melhor passando, vocês ignorando e dizendo '' ah não, agora não posso''...e elas vão embora uma hora.
A vida não espera as máquinas.Por isso elas inferrujam.

A Máquina agora armou-se para defesa.
Ela mergulhou nas lembranças de seu passado.
Lembrou das suas vontades íntimas...
E algo em seu peito resolveu entrar em pânico, porque ela não quer ser bloqueada.
Limites, bloqueios, placas...ela abomida.
E então perde-se a fluidez de seus atos...
Afinal...quando algo parece que vai se repetir...não tem como não se decepcionar.

Ela só espera o dia que outra máquina a surpreenda.
Sem tempo, sem data.

Infelizmente quando ela arma seu sistema de defesa.
O tempo começa a contar.

Como desarma o meu sistema de defesa?
Desarmando o seu.


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O que me decepciona na vida são as pessoas com medo de tentar.
As pessoas que colocam muros nos caminhos nos quais as pessoas querem um dia passar.
O que me chateia é que isso aconteceu comigo várias vezes, várias vezes eu ouvi a mesma história...de que cada um quer tempo pra si.Como se eu fosse tomar o tempo, tomar algo de alguem.A felicidade existe independente de qualquer coisa...a liberdade também.


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Liege

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