Era dia , ensolarado e quente
Seu corpo suava,
Seu peito mal suportava o movimentar frenético da respiração eufórica.
Parecia que ia morrer...mas não...
Naquele momento ela acabava de nascer.
Olhava-se no espelho.
Olhos fixos nos próprios olhos refletidos...lábios entreabertos.
Contemplava seus olhos vazio porém inundados...
Esse vazio era peculiar , diferente...era um vazio fértil...e ela sentia a dolorosa semente penetrar na terra de seu ser , terra úmida regada do seu próprio suor e sangue...uma terra virgem e vazia a espera da semente do despertar.E a semente despertava naquele momento...
O Despertar é sempre doloroso...porém uma dor libertadora.
A dor de ser livre.
Aquela semente naquele momento se rompia para surgir o broto...
E doía , doía , doía....
Como um recém-nascido ela gritou, colocando o rosto dentro da água que empoçou na pia e gritou.
Um grito silencioso , abafado , afogado...mas vivo.
Ela acabara de suicidar.
E de fazer o próprio parto.
Era esse apenas mais um dos seus processos contínuos de auto-destruição e autoconstrução.
Morte seguida de vida e de morte e de vida.
Ela se lapidava como quem fazia uma escultura de forma perfeccionista.
A perfeição não era utopia.Mas horizonte e destino.
Porém...havia algo que a acompanhava neste contínuo processo e sobreposição de acontecimentos internos e externos chamado: vida.
Era uma cicatriz eterna , grande chaga dolorosa em seu peito...seu estigma.
Ela tinha uma doença.
Era o que ela via agora diante do seu ser re-nato.
Cada vez mais nítida que nunca.
Liege Simon Adjucto
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