domingo, 13 de julho de 2008
Quebrada
Hoje com a alma quebrada, o corpo consumudo, cansado...a mente amarrotada, cheia de nós.
Meu Eu confuso de sí...partido em pedaços esquecidos porai. E uma ferida podre no peito, sem cicatrizar, embaixo do meu vestido vermelho...E eu fico andando cheia de medos do que os outros vão pensar...será que vão sentir o cheiro da minha ferida? Ver minhas asas quebradas.Que vergonha disso tudo que sinto diante do mundo...
Como fui deixar tudo isso acontecer? Estou perdida.
Sorrir fica difícil, perdi o equilíbrio.
Trago apenas palavras escuras...más notícias, carrego mágoas, traições, não consigo engolir tantas aflições!E fico vomitando-as porai, sujando as pessoas ao meu redor!
Ando pelas ruas e as lágrimas não se seguram...escorrem filetes demasiados, e meu rosto sério finge que não há nada, não quero que ninguém veja, e a garganta aperta, e descem agora correntes velozes e pingam salgadas, gotejam quando chegam no meu queixo. Assim, na rua, no ônibus, nos cantos... estou me afogando por dentro.
Busco desesperada alguma coisa que me mantenha elevada e me ajude ajuntar minhas partes, meus sonhos espalhados...alguns quebrados, pisados.E nada...nada aparece nos momentos mais desesperadores....eu preciso me esconder nos cobertores ate o medo passar.
Eu preciso me concertar.
Preciso me achar.
.
Era uma vez a menina dos cabelos vermelhos que distribuía sonhos enquanto os outros dormiam...ela se alegrava tanto de tira-los dos seus cabelos como borboletas coloridas...
Ela sabia que esse mundo podia ser cinzento, e sozinha achou-se capaz de trazer alegria e cor.
Ela acolhia todos os corações partidos em seu colo, todos com dores morais...e as dores demais do mundo...seu vestido era sempre molhado.
Ela distribuía palavras e idéias de força e libertação. Ensinava a resiliência.
Ela possuía asas invisíveis, e sempre que alguém quisesse ela ensinava a voar.
Mas as pessoas começaram a ficar preguiçosas e preferiam montar em suas costas para ver tudo lá do alto.Ela não sabia dizer não.
E um dia as palavras começaram a gastar, seu estoque de palavras se foi...e ela percebeu que pouco se ouviu...e ficou muda. Seu vestido não secava mais, ela pegou um resfriado e foi ficando doente pouco a pouco.Surgiram olheiras e seu cabelo vívido desbotou. E ela descobriu que precisava chorar também, e ouvir, e que alguém a ajudasse a curar a dor nas costas. Mas não havia ninguém.
Vazio absoluto.
Seus sonhos também foram embora.
As borboletas viraram moscas.
As cores desbotaram.
Um dia, tentando levantar uma alma que sofria, ela se quebrou.
Se tornou inútil.Sua mente acabou guardando as mágoas, e seu coração a solidão.
Ela ficava sempre doente...pálida, já descrente, caída no chão.
Ninguém mais lembrava da menina dos cabelos vermelhos, das borboletas, das cores, e das asas , das palavras, do sorriso e da força.
Na perdição do desequilíbrio ela cedeu seu corpo frágil, cedeu sua mente, abriu seu coração...tudo já feito de vidro, que se quebrava toda hora.
Ela não entendia porque não surgia alguém com borboletas, flores e cores.
Alguém que secasse sua roupa e seu rosto.
E montasse seus pedaços.
Ela desistiu desses alguéns.
E por muito tempo morou numa floresta escura, seus pedaços ficavam jogados.
Até que um belo dia um corvo comeu seus olhos...e ela gemeu.
O corvo ficou com dó, não sabia que ela estava viva...
Ela contou tudo a ele.
O Corvo chamou os lobos, e os lobos as abelhas, formigas, lagartas, besouros...
Eles a costuraram, lamberam suas feridas e a enterraram.
- No dia que ela tiver vontade de reviver, reviverá.
O Corvo prometeu estar lá para devolver seus olhos.Na verdade, olhos novos...que ele teceu com fibras de água de modo que fossem límpidos e transparentes...assim todos veriam a bondade da menina, veriam suas palavras, sem que ela precisasse falar muito.
Os animais sabiam da selva humana que era muito mais cruel e sem leis.
Cada um lhe preparou um presente.
Dos lobos ela receberia o faro, a cautela, a audição aguçada.Para que ninguém mais abusasse de sua alma.E a as garras para defender seu direito de dizer não.
Das abelhas ela recebeu a arte de ploriferar flores no mundo...de se integrar.
Das formigas, a organização, a força.
Das cigarras, é claro...a arte de cantar.
Das minhocas e vermes, a arte de entender as profundezas da terra, e trazer ar para o lugar mais denso.
Das borboletas receberia cores infinitas.
Dos pássaros ela receberia penas, das mais diversas, cada espencie lhe daria um pouco...um monte de penas coloridas paraformar sua asa.
E assim foi...cada um com seus presentes.
Até o dia que ela renasceu.
Embaixo da terra, com sonhos começando nascer...com o descanso a seu dispor, como uma semente ela abriu num dia de chuva...ela não tinha mais medo de se molhar....A menina cavou para cima muitos metros de terra, e surgiu na superfície...e todos estavam lá.
A chuva limpou a terra.
E cada presente foi dado.
Seu cabelo voltou a ser vermelho...seu vestido colorido e macio.
Ela se despediu de todos deixando sorrisos infinitos.
E voltou a viver.
Com seus dons e virtudes.
Viajando pelos mundos e ilhas onde ficam as pessoas e levando mensagens.
Como antes.Sempre cuidando.
Mas dessa vez ela apenas mostrava as cores e sonhos, quem quisse te-los ou conhece-los...que viesse junto dela...que fizessem trocas justas.Que saisse de sua armadura.
E ela então ensinaria a voar, a ser como a terra, a ser eterno....a Ser.
Essas coisas valiosas dentro de nós não são incondicionais.
Incondicional é só o amor...que por sua vez também é ser mútuo.
Mesmo que ela quisse dar tudo que havia em sua mala, nunca mais terminaria...
Porque ela já não era um ser humano.
Se tornara alguma coisa sem fim.
Era um ser da Terra.
Parte de você, parte de mim.
Liege
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5 comentários:
go let it out
Amo você
Desde sempre e para sempre
Uma boa supressa promovida pelo famigerado google.
Gostei dos textos.
Gostei da expressão de personalidade.
Me viciei no seu blog.
Lindo, e linda.
emocionante, adorei
Oi, tem gente plagiando teus textos sabia?
olha nesse link:
http://brisafeliz.blogspot.com/
bjs
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