sábado, 26 de abril de 2008

Agridoce

Não sei explicar...mas meu desapontamento com tudo cresce vertinosamente, mas surge a possibilidade de que eu escolha ( novamente as escolhas ) não me importar mais...deixar acontecer do modo como as coisas são - absurdas para mim - e ser como tudo é.
Seria um suicídio.Mas acontece ( ou não ).
Suicídio de princípios, troca de valores...adaptações.Esse é o modo mais fácil caro amigo, o modo mais difícil é burlar tudo e manter minha integridade, isso requer que eu anule e estirpe certos impulsos...entende? Não, estou sendo vaga e subjetiva demais.

Sempre fiquei a procura de alguém para mim.Alguém que me satisfizesse...o que me satisfaz? Qualquer coisa que me surpreenda, aguce meus sentidos, minha mente...alguém que me deixe agir naturalmente.Achei pessoas assim mas as circunstâncias boicotaram qualquer coisa, desde então fico numa procura estúpida e frenética por essa satisfação.Me perdi.
Perdi pedaços de mim.Me perdi em pessoas, hábitos, prazeres que não significam nada para mim.
Hoje, em muitos lugares que vou sou olhada e observada.Tiro suspiros...sim, me tornei uma menina atraente, com uma tatuagem nas costas, cabelos charmosos...eles olham para mim com desejo, meu ego cresce. Olho no espelho, ajeito o cabelo, ajeito a coluna.Eles gostam do meu piercing na língua...e meus outros.
Gostam do meu jeito espontâneo e agridoce.( é...Agressivo e doce )
Jogos de sedução...sorrisos, até aí eu sou eu.
Até eu me envolver.
Odeio me envolver, vou me desgastando, preocupando...e a atração se perde.
E parto para outra, e outra, e outra, e outra.
Descubro que não sinto mais prazer, e que isso não faz sentido, nada disso faz diferença.Então meus olhos se perdem em divagações como você já viu.Se perdem olhando a fumaça do cigarro...nas espumas do café...no cheiro do ambiente.
Então vou entendendo que tudo está podre, doente.
Vejo a mesquinhagem por trás dos atos. Vejo os impulsos soltos violando várias coisas...e vejo pessoas se perdendo da mesma forma que eu.Vejo que elas buscam o mesmo que eu...que no fundo elas não sentem mais prazer, apenas se convencem dele, é mais fácil. Difícil aceitar que sexo não dá prazer, que gozar não dá prazer.E o que dá? Para mim seria um conjunto de coisas que eu não vejo mais...vejo coisas separadas.
O prazer do sexo alí, do amor em outro lugar, das boas conversas, do entendimento, dos gostos e hábitos, dos interesses...as pessoas são muito incompletas.Essa é a realidade.
Mas eu sou completa.
Me sinto portadora de tudo isso.

Vejo a infidelidade, a vulnerabilidade, auto-enganação, futilidade, densidade mal direcionada, mesquinhagem, falsidade...vejo pessoas brincando de gato e rato.
Vejo pessoas colecionando pessoas.Me vejo colecionando pessoas.

Amigo, sei que o problema está em mim em algum lugar, talvez a forma que eu entendo as coisas...mas cansei de beber para sentir vontade de fazer sexo, cansei de ficar com alguém por não ter mais nada para fazer, de buscar meus relacionamentos mal resolvidos e cavar as sepulturas me alimentando de cadáveres de passados mortos.Cansei de me mostrar...de arrumar o cabelo para sair, colocar uma roupa bonita, não comer demais para não engordar,cansei de ser atraente e interessante. Sinto vontade de raspar a cabeça, andar igual homem e ver quem vai enxergar em mim o que eu sou de verdade.Mas isso não existe, eu seria hipócrita pois ate mesmo eu me importo com aparências, contemplo belos corpos e sorrisos atraentes.

Se eu pudesse pegar as coisas que amo nas pessoas que amo, de você eu pegaria os belos olhos...suas mãos, seu jeito carinhoso, seu sorriso, suas brincadeiras, e o tanto que você se conecta fácil comigo.De fulano eu pegaria a química sexual, de outro a inocência, a pureza, a delicadeza, a segurança, a fragilidade, a criança, o homem, a dificuldade que pede ajuda, aquele que se permite ser observado por uma fresta, as palavras, os suspiros, os silêncios, a violência, aquele que se esconde, aquele que se preocupa, que se dispõe, que me observa quando eu não estou olhando. Aquele que sabe como tocar no meu rosto, como me desarmar, como destruir minhas barreias, que me deixe respirar e voe comigo.Que deite na grama e olhe para o céu...que me ligue para contar dos pesadelos.Que escolha o lugar para qual vamos ir.Que pergunte no que estou pensando quando eu estiver calada.Que me faça querer saber sobre seus pensamentos no silêncio.Aquele que tem o olhar que me intriga, me atrai, me conforta, me descansa, aquele olhar que penetra nos meus olhos.
Aquele que não se importe de ouvir minhas baboseiras filosóficas e entenda que meu pessimismo as vezes é o que me ajuda a escrever, essencial para mim...e que também sou otimista.
Que seja ligeiramente a moda antiga...só para brincar um pouco de casal apaixonado enquanto o amor amadurece.

Coisa demais, não? Difícil achar alguém assim.
Mas eu não me contentaria com menos.

Amo você desde a primeira vez que te vi.
Mas não vou corta-lhe em pedaços e tirar o que quero para formar meu ''namorado'' perfeito.
Prefiro ter você assim, amigo incondicional.
Fico feliz ao teu lado.

Ate breve, sim?

Ela

3 comentários:

Daniel Diniz disse...

Caralho liege, não sabia que vc escrevia tao bem :)

Bruno Portella disse...

A análise do ser humano, para mim, foi apontada como problema.

Sinceramente não acho que seja... Certamente atrapalha ver coisas que os outros não vêm, ou talvez busquem não enxergar.

E você tem um pouco disso... Isso atrapalha na vivência e na procura de um equilíbrio, e não ajuda em nada na solução de certos problemas.

Mas enfim, é como somos... Nem todos somos, mas quando somos, somos difíceis.

Como entender isso que eu acabei de escrever (juro que tem um sentido haha).

Unknown disse...

Liege axei muito interessante como se expressa e postula além da competencia ao explicar o que a linguagem comun não pode dizer : )

Seria gratificante conversar com vc se puder me adiciona ivanaccept@hotmail.com

bjuxx ; )