segunda-feira, 28 de julho de 2008
Je ne rigret rien
Je ne rigret rien = não lamento nada
Shikata Ga Nai = é um lema japonês que fala mais ou menos sobre a força das coisas que acontecem, inevitaveis.
Eu não, sou cheia de arrependimentos.
Coloco a mão na cara efalo ''putamerda'' que foi que eu fiz.Ainda bem que nem tudo é irreversível...
Há malditos dois anos estou cagando na minha vida.As situações boas vêm e eu acabo com tudo.
Como vou acreditar nas minhas decisões ou na minha capacidade de decidir, escolher e viver se eu fiz tanta merda?
Fica a questão.
E uma musica.
A original é em alemão.
Golpe na felicidade
Lá fora começa a clarear
Ela ainda está lá
Onde nada a perturba
Seu aniversário
Na noite passada
Ela já não pode mais ouvir
Você não quer se ver voando?
Na luz da escuridão
Exponha seu dom
E todas as coisas ficarão mais fáceis
Perante de seus olhos
Seu primeiro golpe na felicidade
As feridas restarão pra sempre
Um momento precioso
Assim como cada momento ruim
Sombras e luz
Pare de observar
Ela não volta mais
Lá fora começa a clarear
Porém, a noite não tem fim
Qualquer mão cobre seu rosto
Todo tempo ela sofre
Ela está completamente sozinha
Até que na ultima noite
Seus olhos não choraram mais
E novamente golpeia a felicidade
As feridas restarão pra sempre
Um momento precioso
Assim como cada momento ruim
Sombras e luz
Pare de observar
Ela não volta mais
Depois de cada hora
Ela precisa impelir novamente
Novamente
Depois de cada hora
Ela precisa impelir novamente
Novamente
Todo mundo está observando
Ela não da à mínima
Ela precisa
E mais uma vez golpeia a felicidade
As feridas restarão pra sempre
Um momento precioso
Assim como cada momento ruim
Sombras e luz
Pare de observar
Ela não volta mais
O céu se fechou
E seu ultimo sonho
Permanece sem ser sonhado
.
.
.
Tenho que agradecer...
Agradecer muito.
liege
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Übermensch
Borderline ou Bipolar?
Fodas, odeio ser alguma dessas coisas e ter esses sintomas que enchem o saco.
Fico na duvida se quero ser o espelho da decadência social ou se quero ser um lapso de esperança.
É complicado quando você esta dos dois lados da história, analista e analisado.
[Odeio terapia]
Mas como diz Matanza :
''Há quem saiba o que ninguém mais sabe
E quem veja o que ninguém mais vê''
[adoro Matanza]
Eu dei a sorte [ironia] de ser uma dessas pessoas que vê e sabe demais, assim, que passou dos limites do saudável.Dai vc junta com doenças mentais, personalidade maluca...fica difícil viver né?
E nesse mundo em decadência, você é aquele que se preocupa com a decadência e o decadente em sí.
Hoje eu estava conversando com minha tia que está na Alemanha [inveja] e acabou de chegar do congresso mundial de psicologia [inveja²] em Berlim, e ela estava me falando de uma festa que deram para os jovens futuros psicologos ou sei la o que, e ela ficou horrorizada quando passou pra dar uma olhada, falou que nunca viu tanto piercing , tatuagem [nessa hora eu engoli seco né?]
e que era tudo escuro com luzes vermelhas, e pessoas jogadas pra todos os lados...o que é super comum de se ver, apesar de que no Velho Mundo isso fica mais exagerado.Mas ela falou do sentimento que ela e os outros acompanhantes tiveram em relação a juventude: sensação de decadência.Eu apesar de ter piercings, tatuagens, adorar lugares escuros e ficar jogada poraí, encher a cara e fumar...concordo.No fundo isso não é busca pelo prazer, é vontade de decadência.
Ou uma busca pela culatra.Mas ela é em massa...muita gente tá assim.
O jovem não está fazendo nada mais que o seu papel : espelhando a sociedade e os efeitos.
- Mas precisa se auto-destruir tanto?
Tem coisa que é irreversível.
Tanta coisa me vem na cabeça.
Minha depressão atual, o fato que há dias eu não saio de casa direito...as vezes fico dias sem tomar banho ou comer.
Minhas memórias e emoções me queimando por dentro.
['' Come and rescue me
I'm burning, can't you see'']
A falta de muita coisa...e só resta a vontade de aprender alemão e andar de sakte.E eu tenho vergonha de andar de skate na rua tão mal...apesar de que eu nem ando mal assim.
De receber xingos e diagnósticos do meu médico, e de ouvir que eu sou doente [é ruim ouvir que você está doente] e que eu quero ficar gritando pra todo mundo que estou doente para que tenham dó de mim.
Cansada de ouvir que os traços vermelhos da minha tatuagem ficaram feios.Eu amo minhas tatuagens!!!!
E olhar para minhas duas paredes, uma de frente para outra,
uma escrito [ eis que de madrugada eu acordo do nada e pego uma caneta e começoa escrever nas paredes, isso é assustador não? rs ]
Numa parede : Rette Mich e Der Himmel zieht sich zu ihr letzter traum bleibt ungenträumt
Significa : Me resgate e O céu se fechou e seu ultimo sonho ficou sem ser sonhado.
Na outra parede eis que escrevi ÜBERMENSCH!
Sobre-humano, me referindo a Nietzsche, claro.
Que contraste!!!
E quis então tatuar isso, Übermensch.
Mas não sei onde.Só que agora fico pensando se vou parecer uma coisa decadente cheia de tatuagem. Mas essa palavra é forte! Igual o Libertas!Sim, vou tatuar, só não sei onde.Mas bem pequeno e discreto.Ou não.Até segunda posso mudar de opinião.
Continuando sobre as coisas que me vem a mente...
Um pouco eleva minha auto estima estar aprendendo alemão tão rápido...mas isso não é nada em relação do quanto ela cai, despenca por vários motivos.
Os bolos das várias pessoas que ando tomando, daí pendo FUCK ALL.Nascemos sozinhos, morremos sozinhos.
O melhor é fazer como todos, buscar um espaço ao sol e que se fodam os fracos.Não quero mais ser fraca, porque simplesmente eu não sou, quem sabe sabe, e estas pessoas se frustram ao me ver agindo como um verme.Eu entendo porque algumas pessoas querem me esganar.Elas dizem, ''você é a Liege porra! A LIEGE!!!!''...dai eu me olho, porca, feia, medigando mesquinharia.Fuck fuck fuck!Essas pessoas (pai,mãe,psiquiatra,fred,auad,mariana,etc) às vezes são tão violentas que vão lá nas sombras onde eu me escondo junto com a podridão e me puxam pelos cabelos para o sol.E eu resisto sem saber.Acho que isso é digno...arrastar a pessoa.Ajudas ''bonitinhas'' nunca adiantam.Eu não quero ajuda, eles me chutam na barriga e falam...lute pelo seu lugar ao sol!
Eu vomito sangue e acho bonitinho, mas algo em mim surge, é a ira, a vergonha, o DESEJO DE PODER, ÜBERMENSCH.E ele é violento as vezes...vai sair bicudando quem estiver na minha frente, arrastando gente da escuridão para luz também...comigo virão alguns não-vermes.
Mas eu vou, primeiro.Deixar de ser verme...deixar de esperar.
Essa parte é boa.
Criar meus objetivos e segui-los sem olhar para nada.Igual minha tia faz...
E a solidão me assusta tanto, assusta ela também...mas somos sós.
Meu medo de solidão me faz ser um verme ridículo.Tanta coisa faz ser um verme que não sou.
Eu estou podre, meu coração está podre.
Eu não sei o que é amor.
[ We die when love is dead
It's killing me
We lost the dream we never had
The world in silence
Should forever feel alone
Cuz we are gone
And we will never overcome]
Sei apenas o que é raiva, ódio, agressividade...e prazer em agrdir.Por que?
''Pare de sentir prazer em ser o pássaro pintado, apenas aceite...mas não sinta prazer nisso.Não se pinte mais.''
Ser Pássaro Pintado é ser BIZARRO.
E minha vontade de causar impacto, repugnância e medo nos outros.Talvez seja vontade de sacudi-los e dizer ACORDA!!!!!!!!!!!! Olha o que vocês estão fazendo com o mundo!!! Olha o que você está fazendo comigo!!Fazer alguem pensar...alguém vomitar a podridão que tem dentro de sí e ser um humano de verdade.Mas pessoas que se dispões a ser assim, a fazer isso se destroem demais...eu me destruí pra mostrar essas merdas, pedir atenção...e quebrei, e fiquei feia...deixei de ser uma fonte de luz.Eu por natureza sou fonte de claridade, sempre fui...até na escuridão eu sou.[Eu sou]
Meu brilho é forte até demais.
[você seria capaz de ser o sol]
É isso que eu sou...um Pássaro Pintado, doente, brilhante. [hahaha]
Como eu gosto de dialética vou pensar numa maneira de me salvar, acordar o mundo, salvar os outros, e realizar meus objetivos.Sem me destruir, sem te destruir.
Coisa para um Übermensch mesmo. =)
Para alguém podre, lutando pra sair de uma depressão, lutando contra sintomas de doenças mentais, contra rejeições e lembranças tristes...é um objetivo e tanto não? NÃO! Isso não é nada!!!Não vale nada, é apenas o que tem que ser feito, por dignidade, ou por vergonha.
Seria ultrajante continuar me vangloriando da minha desgracinha.
Hoje, sexta feira.Enquanto esta todo mundo saindo. Estou aqui...dizendo...
[Se eu falar sobre o que não entendem
Poucos escutam,muitos se ofendem - Matanza ]
Estou aqui quase sem nada.
Sem muitos amigos, sem companhias.
Mas com o suficiente.Com o que eu quero e com o que eu preciso.
[Os mosquitos almejantes de luz logo virão, sem você querer, chamar ou precisar]
Desculpa minha atual agressividade, não desenvolvi amor ainda...to no processo de gratidão.
Nesse momento, na verdade em muitos momentos, sinto a vontade de gritar muito, quebrar coisas, destruir...dizer que tudo fede, que todos são vermes, e falar o tanto que tudo me machuca.
Nessa decadência eu chego ao fim.
No fim eu me encontro...o Übermensch está aí, no fim, na finalidade do ser humano : se superar.
Está tudo bem interligado dialeticamente. [sorriso]
Então te encontro nesse ''über ende der welt''! ;)
Komm!
Liege S. Adjüct
Borderline ou Bipolar?
- Übermensch!
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Naufrágio
Aquela coisa sabia nadar quando caiu no mar.
E afundou, novamente, como tantas vezes, igual uma pedra.
O mais incrível é que ela sabia nadar, já tinha aprendido.
Mas ela se deixou afundar, mesmo não querendo afundar...porque ela queria ser salva dessa vez.
Mas é tão estranha a situação, porque ela sabe que é quase impossivel ela ser salva, só que ela certificou-se que cada vez que ela nada para cima e se salva...um efeito colateral surge.Ela entra mais para dentro da sua própria carne, e esquece que existem mais pessoas no mundo , afinal...
no seus afogamentos ela nunca via ninguém para de fato, pular , pega-la e faze-la voltar a respirar...
Jogam boias.Mas ela tá lá no fundo...não tem como chegar às boias.
Então esse momento fica gravado na mente : solidão.
Então, geralmente antes de morrer, ela tira força de algum lugar que não sabemos da onde e nada com forças absolutas e volta pra superfície, respira e grita o toda força dos seus pulmões algum tipo de ira.Um grito que significa muitas coisas. Que diz, sobrevivi...sem vocês.
Como se estivesse nascendo.
É sempre assim, uma queda é tão medonha e confortável.
Ela cai do alto para o mar...é como se entrasse para um útero enorme.
Ela se esconde...fica confortável alí.
Mas morre cada dia que passa.
Então ela tem que renascer.
Como se nascesse de uma mãe morta que não pudesse fazer forças, ela faz a força para sair do buraco. E grita para mostrar que está viva.
E ela sempre diz, a cada vez que morro , a cada vez que tenho que nascer...me torno outra pessoa.
Conquisto coisas boas.
Mas a marca do isolamento, da solidão e do pânico, ninguém tira.
A marca da asfixia.
Ela nunca vai embora...
E elas ficam tão nítidas que ela convive com essas coisas mais do que com as pessoas...
Afinal, não tinha ninguém lá.
Quando ela se recupera, ela se ergue, limpa...e forte, e ilumiada de vigor e energia.
Todos fazem como aqueles mosquitos que grudam nas luzes.
Ao seu redor fica um mar de pessoas.
Mas cada naufrágio que ela sobrevive, menos pessoas ela passa a enxergar.
Então...às vezes muitas pessoas estão ao seu redor, mas ela esqueceu da fisionomia do ser humano...e continua vendo apenas um mar de solidão.
.
quarta-feira, 16 de julho de 2008
Nas linhas de sangue
Foi naquele momento, que seu corpo parecia ter virado vidro...não! Era sua alma que era de vidro...e ela ficou com o corpo aberto por alguns anos, vou contar como ela abriu o corpo em breve, continue lendo apenas...
Com o corpo aberto ela foi tomando as pedradas direto na alma, no vidro, no espelho.Não havia mais proteção, o vidro era forte, resistiu, balançou, caiu faíscas , pedaços, buracos...e sua estrutura foi ficando decadente...pedaços sustentavam pedaços, e um dia...uma pequena pedra que veio aleatoriamente destruiu o alicerce que ligava os pedaços moribundos...
[ tudo começou com uma coisa simples ]
Foi uma cena única.
Uma alma despedaçando.Desmoronando encima do corpo.
Foram pedaços de vidro para todos os lados, e a maioria cravando na pele desse corpo...
Tudo desmontou como aquelas estruturas de lego vagabundo.
Os ossos desmontaram enfiando pelos órgãos, empalando cada pedaço...
Eu nem falo da parte do sangue, que jorrou como uma cachoeira.
[ as coisas simples destroem, são pedrinhas que fazem a diferença ]
Ficou aquele monte de carne fresca, ossos quebrados e vidro, muito vidro...espelhos, cada parte refletindo algo daquela alma.
[ Esse facto não é tão incomum assim , muita gente se parte de alguma maneira ]
Os dias passaram.
A carne começou a ficar podre, os urubus sentem o cheiro, se aproximam.
Até que o ser quebrado, falido...começou a pensar, seu cérebro tinha apenas um caco de vidro e um pedaço de osso.Mas funcionava. Ela pensou...e começou a se esforçar...ela tinha que se montar, se costurar.Não havia linha...ela então se lembrou dos bons tempos, dos seus amigos, das pessoas que ela amava, das pessoas que valiam a pena, então...surgiram belas linhas coloridas...de seus ossos ela fez uma agulha...já tinha tudo que precisava.
[ Vocês são minhas linhas. ]
Mas tinha que separar os ossos.
Tirar os cacos de vidro da pele.
Montar os ossos
Costurar a pele.
[ ela sabia fazer isso tão bem , quantos corpos alheios ela já havia costurados, ossos , montado...
ela sabia muito bem de salvar coisas alheias. Agora ela estava num deserto...não havia ninguém , só urubus...muitos.Ela tinha que se salvar sozinha. ]
Foi assim que começou...tomou coragem, tava doendo tanto...
E a noite dos desertos são frias.
Ela começou a gritar muito.Todos os dias.
Mas isso atraía os urubus e as pessoas se incomodavam em ver sua agonia.
[ Quem gosta de ver nos fragmentos partidos do espelho de uma alma quebrada seu próprio rosto o julgando, acusando sua negligência, sua culpa, e principalmente, seu próprio estado decadente...ninguém gosta de ver um estado eminente.Ninguém gosta de sentir responsabilidade pelo estado dos outros.]
Ela então parou de gritar.
A primeira coisa que costurou foram seus próprios lábios.
Com belas linhas brancas.
Quando queria gritar ou chorar ela enfiava a cabeça num balde que deixaram perto daquele escombro orgânico, já que ela chorava tanto , molhava tudo...o balde seria útil, ela chorou lá dentro.Quando queria gritar enfiava a cabeça na água salgada e movia os lábios nas linhas e emitia um som gutural...assim ninguém ouvia.
Ela também bebia aquela água. Era a única que tinha, amarga, salgada, suja...
Ela aprendeu a dar valor a cada lágrima e ver que cada gota era um segundo de vida que surgia, que lhe dava força para fazer o que deveria fazer...
[ Save yourself ]
Então começou a tirar os cacos de vidro da pele, da carne...
E gemia, gritava em silêncio.Chorava.Bebia.
Tirava aquele pedaço de seus pulmões...
costurou sus intestinos, as pernas...os músculos, tudo cheio de cicatrizes.
Mas depois de limpar tudo e tirar os ossos e espelhos...ela percebeu que três coisas tinham se perdido e ficaram inutilizadas.
Sua alma. Se tornou um monte de pedaços de vidro espelhado com momentos tristes, os felizes se tornaram a linhas coloridas que agora cobriam cada ferida.
Ela não queria aquela alma mais.Sem brilho, sem amor, sem fé.
Seus ossos, também quebrados , fracos...
Seu coração.Onde o maior pedaço de vidro e osso havia se enfiado...deixando-o impossível de costurar, virou uma sopa de pedacinhos de músculo...não batia mais.
Esse ela jogou para os urubus. Eles, agradecidos lhe deram um par de asas de presente, ela colocou no lugar do coração, e estas asas negras começaram a bater bombeando seu sangue...
O sangue que ela conseguiu recuperar, que as pedras do solo devolveram por compaixão...que os cactos absorveram e por virem seu esforço dera-lhe de volta, só suficiente para que tudo voltasse a circular. Um novo sangue viria limpando o fedor do velho podre e oxidado.
Seu coração fora destruído e seu amor havia se espalhado pelo deserto.
Ela amava os urubus, as pedras, a areia, os escorpiões, as cobras, os cactos.
O sol que ajudou a secar as feridas.
Ela passou a amar o deserto...e sabia que por ele havia muitos ossos de animais mortos.
Ela então passou a rastejar pelo deserto como as cobras lhe ensinaram, a procura de ossos...para se montar, e levantar.
E ela foi achando aos poucos.
Quantos dias ela chorava por não agüentar mais.
Mais um pouco...rasteje.
Ela encontrou pedaços e pedaços de ossos, e juntava.
Um dia conseguiu o que dava para montar um esqueleto inteiro.
E engoliu cada pedaço de osso.
Eles foram tomando os lugares vagos...e ela sentiu que já tinha uma estrutura.
Pela primeira vez ficou de pé.
Agora faltava achar sua alma.
Criar...
E quem sabe um coração de verdade, dai quem sabe aquelas asas pudesses ir para suas costas, e ela poderia voar.
Ela era agora apenas um corpo fechado, costurado com toda força do mundo com linhas coloridas.
Refeito por si mesma, pela dor de tirar cada dia ruim, cada mágoa.
Apenas havia cicatrizes.Ela nunca esqueceria.
Seus lábios ainda eram costurados...mas sorriam. Os olhos sorriam.
Muitos dos que passavam achavam um horror aquela figura.Achavam-na triste...
Era apenas as marcas.Talvez a falta de uma alma e um coração.
Mas ela era feliz, feliz por orgulho a sua força, por ter uma busca.Por mesmo sem ter coração ou alma, ela ainda preservava virtudes.
Ela ainda amava as coisas todas.
Ela preservou o respeito, o carinho, a compaixão...coragem, força de vontade.
Aprendeu a dar valor a todas as coisas e situações.
Sempre que via um corpo quebrado, ela lhe ensinava como criar linhas...e sempre tinha agulhas feitas daqueles ossos inúteis, ela fez muitas agulhas.E dava a estes corpos, tava alguns pontos e dizia em silêncio : salve-se. Sorria com os olhos.Limpava as lágrimas sempre...bebia-as...aprendeu a saborear as lágrimas.
Ás vezes encontrava corpos desmaiados...ela não conseguia deixá-los lá...costurava-os escondido. Ia embora em silêncio.
Ás vezes ela só estava lá para beber as lágrimas de gente que temia tanto chorar...
E algo começou a nascer dentro de seu corpo...sim, aquelas lágrimas...ela bebia, por amor, compaixão, por entender a condição humana...elas se condensaram e começaram a dar origem a uma minúscula pedra que era a origem da sua nova alma.
Não pense que foi das tristezas alheias que este ser criou a semente de uma alma, e sim de compartilhar a condição sensível e frágil de cada pessoa.
Via a leveza após a enchente.
E ia embora sempre em silêncio.
As vezes ela pensava em romper as linhas que havia em seus lábios.
Mas não...alguma coisa dizia que seu silêncio era melhor.
As vezes ela pensava em um coração.
E uma lágrima escorria em seus olhos.
Ela sabia que coração era o mais difícil.
Durante os dias ela gostava de aprender coisas novas e se superar sempre, sempre na solidão.
Aprendera a conviver com ela.No silêncio.
Durante a noite era o mais difícil...parece que o frio do deserto nunca a abandonava, ela sentia um frio que nunca passava...as noites eram mais agonizantes, o frio lembrava dos momentos difíceis...
Ela abraçava seu corpo e prometia a sí mesma nunca mais se abrir para que sua alma fosse apedrejada.
Alí dentro ninguém entraria.
Nem mais ouviria sua voz.
[Mal sabia ela que por isso sentia tanto frio.
Que ela precisava era construir uma alma inabalável.
Um coração resiliente...
E saber cantar.
O calor viria apenas assim...quando deixasse que abrigassem junto com suas costelas.]
Rette Mich...
domingo, 13 de julho de 2008
Quebrada
Hoje com a alma quebrada, o corpo consumudo, cansado...a mente amarrotada, cheia de nós.
Meu Eu confuso de sí...partido em pedaços esquecidos porai. E uma ferida podre no peito, sem cicatrizar, embaixo do meu vestido vermelho...E eu fico andando cheia de medos do que os outros vão pensar...será que vão sentir o cheiro da minha ferida? Ver minhas asas quebradas.Que vergonha disso tudo que sinto diante do mundo...
Como fui deixar tudo isso acontecer? Estou perdida.
Sorrir fica difícil, perdi o equilíbrio.
Trago apenas palavras escuras...más notícias, carrego mágoas, traições, não consigo engolir tantas aflições!E fico vomitando-as porai, sujando as pessoas ao meu redor!
Ando pelas ruas e as lágrimas não se seguram...escorrem filetes demasiados, e meu rosto sério finge que não há nada, não quero que ninguém veja, e a garganta aperta, e descem agora correntes velozes e pingam salgadas, gotejam quando chegam no meu queixo. Assim, na rua, no ônibus, nos cantos... estou me afogando por dentro.
Busco desesperada alguma coisa que me mantenha elevada e me ajude ajuntar minhas partes, meus sonhos espalhados...alguns quebrados, pisados.E nada...nada aparece nos momentos mais desesperadores....eu preciso me esconder nos cobertores ate o medo passar.
Eu preciso me concertar.
Preciso me achar.
.
Era uma vez a menina dos cabelos vermelhos que distribuía sonhos enquanto os outros dormiam...ela se alegrava tanto de tira-los dos seus cabelos como borboletas coloridas...
Ela sabia que esse mundo podia ser cinzento, e sozinha achou-se capaz de trazer alegria e cor.
Ela acolhia todos os corações partidos em seu colo, todos com dores morais...e as dores demais do mundo...seu vestido era sempre molhado.
Ela distribuía palavras e idéias de força e libertação. Ensinava a resiliência.
Ela possuía asas invisíveis, e sempre que alguém quisesse ela ensinava a voar.
Mas as pessoas começaram a ficar preguiçosas e preferiam montar em suas costas para ver tudo lá do alto.Ela não sabia dizer não.
E um dia as palavras começaram a gastar, seu estoque de palavras se foi...e ela percebeu que pouco se ouviu...e ficou muda. Seu vestido não secava mais, ela pegou um resfriado e foi ficando doente pouco a pouco.Surgiram olheiras e seu cabelo vívido desbotou. E ela descobriu que precisava chorar também, e ouvir, e que alguém a ajudasse a curar a dor nas costas. Mas não havia ninguém.
Vazio absoluto.
Seus sonhos também foram embora.
As borboletas viraram moscas.
As cores desbotaram.
Um dia, tentando levantar uma alma que sofria, ela se quebrou.
Se tornou inútil.Sua mente acabou guardando as mágoas, e seu coração a solidão.
Ela ficava sempre doente...pálida, já descrente, caída no chão.
Ninguém mais lembrava da menina dos cabelos vermelhos, das borboletas, das cores, e das asas , das palavras, do sorriso e da força.
Na perdição do desequilíbrio ela cedeu seu corpo frágil, cedeu sua mente, abriu seu coração...tudo já feito de vidro, que se quebrava toda hora.
Ela não entendia porque não surgia alguém com borboletas, flores e cores.
Alguém que secasse sua roupa e seu rosto.
E montasse seus pedaços.
Ela desistiu desses alguéns.
E por muito tempo morou numa floresta escura, seus pedaços ficavam jogados.
Até que um belo dia um corvo comeu seus olhos...e ela gemeu.
O corvo ficou com dó, não sabia que ela estava viva...
Ela contou tudo a ele.
O Corvo chamou os lobos, e os lobos as abelhas, formigas, lagartas, besouros...
Eles a costuraram, lamberam suas feridas e a enterraram.
- No dia que ela tiver vontade de reviver, reviverá.
O Corvo prometeu estar lá para devolver seus olhos.Na verdade, olhos novos...que ele teceu com fibras de água de modo que fossem límpidos e transparentes...assim todos veriam a bondade da menina, veriam suas palavras, sem que ela precisasse falar muito.
Os animais sabiam da selva humana que era muito mais cruel e sem leis.
Cada um lhe preparou um presente.
Dos lobos ela receberia o faro, a cautela, a audição aguçada.Para que ninguém mais abusasse de sua alma.E a as garras para defender seu direito de dizer não.
Das abelhas ela recebeu a arte de ploriferar flores no mundo...de se integrar.
Das formigas, a organização, a força.
Das cigarras, é claro...a arte de cantar.
Das minhocas e vermes, a arte de entender as profundezas da terra, e trazer ar para o lugar mais denso.
Das borboletas receberia cores infinitas.
Dos pássaros ela receberia penas, das mais diversas, cada espencie lhe daria um pouco...um monte de penas coloridas paraformar sua asa.
E assim foi...cada um com seus presentes.
Até o dia que ela renasceu.
Embaixo da terra, com sonhos começando nascer...com o descanso a seu dispor, como uma semente ela abriu num dia de chuva...ela não tinha mais medo de se molhar....A menina cavou para cima muitos metros de terra, e surgiu na superfície...e todos estavam lá.
A chuva limpou a terra.
E cada presente foi dado.
Seu cabelo voltou a ser vermelho...seu vestido colorido e macio.
Ela se despediu de todos deixando sorrisos infinitos.
E voltou a viver.
Com seus dons e virtudes.
Viajando pelos mundos e ilhas onde ficam as pessoas e levando mensagens.
Como antes.Sempre cuidando.
Mas dessa vez ela apenas mostrava as cores e sonhos, quem quisse te-los ou conhece-los...que viesse junto dela...que fizessem trocas justas.Que saisse de sua armadura.
E ela então ensinaria a voar, a ser como a terra, a ser eterno....a Ser.
Essas coisas valiosas dentro de nós não são incondicionais.
Incondicional é só o amor...que por sua vez também é ser mútuo.
Mesmo que ela quisse dar tudo que havia em sua mala, nunca mais terminaria...
Porque ela já não era um ser humano.
Se tornara alguma coisa sem fim.
Era um ser da Terra.
Parte de você, parte de mim.
Liege
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Te Farei Sorrir
Quero desabafar um oceano de palavras árduas e lágrimas salgadas, as vezes de amor , as vezes de ódio.
O ódio vem quando vejo as pessoas que amo sofrer.
As lágrimas vêm quando eu sinto que amo demais certas pessoas e que eu daria tudo por elas.
É como estar presa por uma parede de vidro enquanto vejo o mundo massacrando-as.
Eu quero ir lá, eu quero salvá-las...quero abraçá-las.Proteger, cuidar.
Porque são parte de mim.Por que eu me vejo ali sendo atacada também.Dói...
Quando? Quando o mundo vai aceitar pessoas diferentes?
Pessoas sinceras, pessoas do coração, da alma?Com caráter, dignidade...
É tão injusto ver o que acontece que eu começo a sangrar de ódio, a injustiça me leva a ira.
Mas estou aqui para ensinar a nadar.E que meu amor me faça parar de derramar lágrimas.
Levantar a cabeça, enxugar minhas lágrimas sozinha.Ser algum tipo de exemplo de sobrevivência e esperança...para quem eu amo, todas as pessoas, vocês sofrem a dor da realidade de ser um ser humano de verdade.Amo isso em cada um de vocês...seus olhos tristes são reflexo da dificuldade de ser alguém de verdade, que grita, que quer justiça moral, que luta com dignidade , sem ganância, sem agressividade...mas com respeito ao que nos deu origem.
Gritar a dor de ser rejeitado por ser sincero e real...por não jogar teatros de ilusões.
Por não dar com uma mão e exigir com a outra.
É o ódio mais belo que existe, a fúria de querer resgatar séculos de existência de uma raça...
Acredito que o ser humano é bom sim, como Locke.
Por mais q minha angustia me faça dizer que somos todos cruéis e egoístas, não!
Somos egoístas quando esquecemos que o outro faz parte de nós...que ele sente, que ele chora escondido, engole choro...que vc olha aqueles olhos negros e sérios e vê a frustração e a dor de ser retirado do resto, marginalizado...por motivos banais.
Eu sinto vontade de cair nos seus braços magros e desenhados e te passar qualquer energia boa que tiver dentro de mim para você, só para que você sorria.Assim como você me deu aquele desenho que foi um dos presentes mais lindos que já recebi...
E fico sorrindo por dentro quando você sorri...brinca, anda daquele jeito engraçado, e o cheiro dos seus dedos de cigarro...e o quanto eu te admiro infinitamente e o quanto eu te amo.E fico feliz por ser sua amiga, e o quanto eu queria que vc chorasse isso que vc guarda no meu colo, eu guardaria cada lágrima, beberia suas lágrimas todas até você não precisar mais sofrer.E te daria um coração novo...novo.Sem as facadas que você tomou.E o tanto que odeio quem te julga.
Quem te machuca...
As mãos ásperas de ser a heroína de uma família falida que ressuscita.
Quem ouviu todos os gritos, choros, quem chorou sempre em silêncio...quem fez a comida, lavou as roupas que sujei.Limpou toda minha sujeita, suportou todas nossas crises, seu corpo de anjo não está agüentando mais, vc cai aos poucos, se apóia nos cantos...e diz de
manhã cedinho que Deus trouxe-lhe uma vitória...e o tanto que eu te acusei de negligente...
Você que me carregou pro hospital quase morta...chorou no meu leito metálico e frio, sabendo que aquele estado fora minha escolha.Você sofreu por quem vc ama querer morrer.
E eu? Agora vivo por você. Por vocês...
Eu, depois de me matar...sentir meu coração parando e vendo minha mãe chorando, meu pai sério,com medo de chorar...pela minha estupidez de culpá-lo...culpar quem precisava de mim.
Estou ao seu lado, sempre.
Todos vocês, e todos que não citei, mas se incluem.
Basta serem seres humanos, já é o bastante...eu amo-os, sempre.Seja quem você for.
Com os defeitos que você tiver, com suas incapacidades...amarei suas deformidades, e serei orgulhosa de suas virtudes, estarei aqui para proporcionar mais e mais virtudes, mais sorrisos, menos lágrimas...e trazer um alívio no peito.
Rejeitada, incompreendida, omitida, marginalizada, já senti o desespero de existir.Nem q seja numa escala pequena.Eu conheço a doença.Conheço o pecado da negligência, da injustiça...tenho ira nos punhos e fel nas veias...mas eu prometo a mim sempre diluir, diluir com sangue bombeado
por um coração novo.
Não vou me quebrar.
Vou gritar por todos os direitos negados.
Vou respirar nos momentos que estiverem ruins...olhar nos seus olhos, e vou espelhar coragem, esperança, prometo ter esperança, ter alegria, ter a ferramenta que vai te curar.
Ao meu lado você não vai mais cair, comigo não sentirá só, nem abandono, nem desespero, nem o peito sufocado.
Todos vocês, você que lê esse texto...
Talvez você não me conheça, mas espero que sinta o que estou sentindo...
E entenda as lágrimas,o ódio...e o amor. Principalmente o amor incondicional.
Prometo não correr quando você me mostrar seus monstros.
Seus demônios, sua deformidade.
Prometo deixar você chorar nos meus ombros.
Prometo estar com você quando vc precisar.Basta pedir...
Prometo respeitar seu silêncio.
Sua solidão.
Acima de tudo, respeitarei sua opção.
Por que, seja lá quem você for saiba que alguém entende uma fração da sua existência, e ama essa fração.
Terei que me amar.É tão difícil.
Mas por você eu faço, por vocês...porque eu sou cada um de vocês.
Meus olhos já estão secos, e amanhã estarei mais forte.
E te farei sorrir.
Liege