segunda-feira, 3 de março de 2008

Dos Pássaros sem onde pousar

Era um pássaro rubro cujas penas pareciam arder ao sol.
Desta vez ele ultrapassava desertos.
Mas ja estivera sobre mares
terras férteis
sobrevoando o caos urbano
no subsolo
voando em sonhos
além-céu

Este pássaro conhecia cada pedacinho do mundo...mas queria ir além, queria voar na alma dos seres humanos...penetrar seus corações de ferro.
E fazia isso...e era onde o deserto era mais árido e o sol mais cruel.

E pior...não havia onde pousar.
Ele batia asas freneticamente...
o solo era muito quente.

Há muito a pequena ave vermelha busca onde pousar...um lugar que não a sufoque, que não a machuque...que não vá embora levando o poleiro de descanso.

Sim, ela sabia voar muito bem...

Mas os céus são um tanto solitários
e os firmamentos um tanto instáveis.

Por isso ela tinha tanta vontade de parar como beija-flor, no ar...
mas não seria o suficiente...
Ela queria - já que nada parecia satisfaze-la - sumir.
Voar para cima eternamente e encontrar com a vó Lua.

E o que ela queria na verdade era bem pouco:
Uma varanda para pousar todos os dias...onde alguem estivesse à disposição de ouvi-la cantar.
Acariciá-la.
Sem machucar.
Sem gaiolas...
Sem armadilhas.

Era só isso.

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