domingo, 19 de agosto de 2007

O Definhar


Eu...
que já fora limpa e vívida.
Sorridente e alegre.
Elevada.

Tudo tem um fim...
Um inverso.
E neste momento seco...definho...
Insuficiente de ar.
De água, de tudo e muito mais...

Intoxicada.
De tudo e muito...muito mais.
E muito menos.
De tão pouco.

Reguei todas as flores do meu jardim antes de ir embora.
Deixei tudo belo e perfumado.

Para ficar ausente , finalmente.

Ir para qualquer refúgio invisível.
Caminhando pelo deserto...ou perdida no mar.

E as palavra tão inúteis.
Esta vida secreta de palavras.
Sempre fui apaixonada por palavras.

Por isso só deixo este ultimo presente : minhas palavras sinceras.

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Renúncia

Rama das minhas árvores mais altas,
deixa ir a flor! que o tempo, ao desprendê-la,
roda-a no molde de noites e de albas
onde gira e suspira cada estrela.

Deixa ir a flor! deixa-a ser asa, espaço,
ritmo, desenho, música absoluta,
dando e recuperando o corpo esparso
que, indo e vindo , se observa , e ordena, e escuta...

Falo-te , por saber o que é perder-se.
Conheço o coração da primavera,
e o dom secreto do seu sangue verde,
que num breve perfume existe e espera.

Verti para infinitos desamparos
tudo que tive no meu pensamento.
Era a flor dos instantes mais amargos.
Por onde anda?No abismo.Dada ao vento...

( Cecília Meireles )


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Eu sempre disse que as flores são efêmeras.


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